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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Conversa com... LOIDE MONTEIRO

Define-se em primeiro lugar como mulher e mãe. Mas é sobretudo como empreendedora e mulher de negócios que LOIDE MONTEIRO se tornou conhecida em Cabo Verde. Formada em Engenharia Civil pela OSU – Oklahoma State University e com um MBA em Gestão Internacional em fase de conclusão, fundadora da Loide Engenharia e seu actual Presidente do Conselho de Administração, Loide é das poucas mulheres executivas em Cabo Verde a ocupar a presidência de uma empresa privada. Na entrevista descontraída que concedeu a este blogue, Loide nos fala da sua visão sobre a gestão e liderança, dos desafios e momentos altos da sua carreira e das suas expectativas em relação ao “colaborador ideal”, sem deixar também de pôr o dedo em algumas feridas. “O sector privado nacional tem uma visão muito limitada do futuro”, diz-nos, na entrevista que se segue.


Para começo de conversa, quem é Loide Monteiro?
Loide Monteiro é uma mulher, mãe, engenheira, empreendedora, empresária, que gosta de desafios, que gosta de arriscar, determinada - eu acho que é assim que definiria Loide Monteiro.

Loide Monteiro, é conhecida aqui em Cabo Verde pelo seu percurso enquanto empresária, enquanto gestora, enquanto fundadora e PCA de uma das empresas hoje com maior notoriedade no país. Com este percurso, como definiria a gestão?
Para mim a gestão tem a ver com liderança. Para gerir tem de se saber liderar, e para liderar, tem de se ter sempre objectivos a atingir. Portando qualquer gestor tem de liderar com objectivos para obter resultados, e também liderar ou gerir está relacionado em gerir problemas. O gestor tem de ter sempre solução para qualquer problema.

Já agora que referiu a liderança como um dos componentes da gestão - para si o que é liderar?
Definiria liderar, como a capacidade de convencer os colaboradores, as pessoas que estão consigo a seguir as suas orientações. A principal qualidade do gestor é convencer os seus colaboradores a seguirem as suas orientações.

Naturalmente, com todos esses anos à frente da Loide Engenharia, e mesmo durante todo o seu percurso profissional já deve ter encarado vários desafios. Quais os principais desafios que já enfrentou com gestora?
Como pode imaginar, no nosso mercado em Cabo Verde encontramos desafios por todo o lado. Eu indicaria o desafio de gerir os recursos humanos de Cabo Verde. Os caboverdeanos têm um comportamento peculiar, gerir recursos humanos para mim é um dos maiores desafios na empresa. Outro desafio que tivemos de enfrentar recentemente é a crise financeira de 2007- 2008 que abalou o mundo e Cabo Verde. Nós, em particular, estávamos muito ligados ao mercado internacional, nomeadamente o mercado Europeu, e acabamos por ser muitos afectados pela crise. Portanto, foi um grande desafio ultrapassar a fase da crise. Um outro desafio que quanto a mim afecta todas as empresas caboverdeanas, é a pequenez do nosso mercado, que não nos dá muita margem de manobra no desenvolvimento do sector.

Como é que enfrentou esses desafios?
O desafio da gestão dos recursos humanos tem muito a ver com a capacidade de liderar, de convencer a equipa em seguir as orientações, é um trabalho que tem de ser feito no dia-a-dia com os colaboradores. Cada pessoa é uma pessoa, por isso tem de se conhecer muito bem a equipa e conseguir ultrapassar os constrangimentos.
Relativamente à crise aprendemos uma grande lição, que as empresas não devem se concentrar num só produto nem num só mercado. Estávamos muito concentrados no mercado Europeu e nos projectos turísticos, e como a crise afectou as áreas do turismo e imobiliária, e por ser o produto onde mais concentramos os nossos recursos, tivemos um impacto muito pesado para a empresa. A lição que tiramos dessa crise é que a diversificação é fundamental. Diversificar os mercados, diversificar os produtos, de forma a tentar mitigar os riscos da empresa. Isso nos levou inclusive a procurar novos mercados. Neste momento estamos no mercado angolano, estamos a fazer a prospecção do mercado da CEDEAO, se não houvesse esta crise, se calhar ainda estávamos apenas com o mercado caboverdeano. Foi uma lição interessante…

Enquanto gestora, não se limitou a baixar os braços, portanto…
Não, pelo contrário, com a crise tivemos mesmo é que levantar os braços ainda mais para a podermos ultrapassar, porque senão ia ser um desastre. As pessoas ficaram a comentar que nós, em tempos de crise que é preciso poupar, etc., estávamos a tentar internacionalizar. Isso provocou alguma confusão em algumas pessoas, em tentar entender porque é que nesta fase é que estávamos a investir na internacionalização.

Poderíamos dizer então que isso reflecte duas facetas da sua personalidade - coragem e ousadia?
Sim, acho que tem a ver com coragem, ousadia e visão. É preciso ter visão e acho que é o que falta muitas vezes às empresas em Cabo Verde: visão. Ver o futuro. Se nas crises baixares os braços, o resultado que vais ter é, de certeza, fechar a empresa. Porque não vais ter outra solução. Tens que procurar alternativas para ultrapassar a crise. A nossa visão foi procurar novos mercados onde tivéssemos potencialidades de entrar.

Já agora, falando de visão. Na sua perspectiva, enquanto gestora e líder empresarial, qual é a sua percepção da visão do sector privado nacional?
Eu penso que é uma área que precisa de muito trabalho. O sector privado nacional tem uma visão muito limitada do futuro. De algumas conversas que já tive com alguns gestores de empresas, eu acho que eles têm uma visão muito limitada. Acho também que a visão tem a ver com a experiência das pessoas. Eu estudei e vivi nos Estados Unidos, que é um país de visão, consegue-se ter novos horizontes. Também poderá ter a ver com a intuição. Penso que é algo que precisa ser trabalhado pelo empresariado nacional. Ver um pouco mais longe, ser mais ousado.

Vou provocar um pouco a Loide mulher. Referiu-se há pouco à questão da intuição: acha que há uma diferença substancial entre gestores mulheres e gestores homens?
Acho que sim, não é só teoria, é a prática também. Trabalhando com mulheres e homens, eu acho que as mulheres têm um certo dom para a gestão. Não só na questão de visão e intuição, mas de organização e de determinação. Penso que as mulheres têm mais o dom para fazer a gestão do que os homens por causa dessas características que são próprias do “feminino”. Têm a ver com a vida da mulher em casa, que tem que colocar ordem em casa, que tem que organizar tudo… (risos). Há um dom natural da mulher para a gestão.

Mudando agora um pouco o enfoque. Falamos há bocado de desafios mas de certeza já teve momentos altos, momentos de satisfação pessoal durante a sua carreira que lhe marcaram positivamente. Poderia nos apontar alguns desses momentos?
Foram vários os momentos em que tivemos orgulho do que estivemos a fazer. Recentemente, por exemplo, recebemos a certificação internacional de qualidade. Somos a primeira empresa nesse sector de actividade com essa certificação, portanto foi com enorme prazer que recebemos essa certificação. Outro momento que nos deu muita satisfação como dona da empresa foi o momento em que inauguramos o projecto Sambala, que era um projecto enorme, com muitos desafios. Poucas acreditavam no projecto e foi com muita satisfação que vimos o projecto implementado e a funcionar.
Outro ponto alto foi no ano passado, quando um investidor de alto gabarito visitou a empresa. Depois de conhecer o que fazemos e a evolução que a empresa teve, fez imediatamente uma proposta para comprar participações da empresa. Foi um choque para mim porque nunca imaginei que alguém daquele nível teria interesse na compra de uma empresa pequena como a minha. Isso levou-nos a pensar um pouco diferente da nossa empresa, começamos a valoriza-lo um pouco mais e a trabalhar numa perspectiva diferente, com o objectivo de desenvolvimento e evolução da mesma. Neste momento estamos na fase de negociação da venda de participação da empresa a este investidor.

Há pouco referiu-se à liderança, como fundamentalmente liderar pessoas, e fez menção às especificidades do colaborador caboverdeano. Tendo em conta o período em que estamos a viver, qual seria para si o perfil do colaborar ideal para a sua empresa neste século XXI?

Os colaboradores devem ter em mente que a empresa conta com eles para trazer mais-valias, para trazer resultados. Este deverá ser o enfoque número um. O colaborador deve saber qual é a mais-valia que está a trazer para a empresa, tem de estar consciente do resultado que vai deixar para a empresa. A mentalidade do colaborador caboverdeano é neste momento, um bocado de mentalidade da função pública. Isto é, que o dono é que deve trabalhar para pagar o salário dele. E não ele a trabalhar para trazer rendimento para a empresa. O colaborador ideal deve ter um perfil proactivo, com definição clara dos objectivos e dos resultados que irá trazer para a empresa. Deve ser, portanto, uma pessoa competitiva e eficiente.

Bem, já falamos do colaborador ideal para o século XXI, falemos agora de “líderes” para o século XXI. Na sua opinião, quais devem ser as principais qualidades que um líder do século XXI deverá ter?
O líder do século XXI tem de ter a visão do colaborador Tem de liderar com objectivos, tem de ter claramente os objectivos que quer atingir, ser eficiente, ter determinação, ter visão para saber onde quer ir, conhecer bem os factores externos que podem influenciar a sua empresa, deve ser um líder atento, com objectivos claros e com determinação.

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Entrevista conduzida por: Paulino Dias em 10/09/2010
Apoio na transcrição: Maria Pires
Fotografia cedida pela entrevistada

sábado, 11 de setembro de 2010

Cabo Verde Telecom investe 30 milhões em novas tecnologias

A Cabo Verde Telecom, participada da Portugal Telecom (PT), tem em curso um plano de investimentos de quase 30 milhões de euros destinado a melhorar a qualidade das telecomunicações, nomeadamente da Internet.


Numa entrevista à Agência Lusa, Humberto Bettencourt dos Santos, administrador da empresa cabo-verdiana, salientou três projectos, todos em curso, que deverão estar concluídos, o mais tardar, até meados de 2011, embora outros possam ficar operacionais já no final deste ano.


A adesão ao projecto WACS (West África Cable System), o cabo submarino internacional de fibra óptica que estará operacional no primeiro semestre de 2011, tem um investimento de 25 milhões de dólares (20,8 milhões de euros), e permitirá aumentar "substancialmente" a banda larga no arquipélago, deficiente fora da ilha de Santiago.


O novo cabo vai permitir também estender a fibra óptica a todas as ilhas, ligando as em falta - Maio, Fogo e Brava -, investimento orçado em 6,45 milhões de euros e que deverá estar a funcionar também em 2011.


Segundo o administrador da empresa, até ao final do ano, a CV Telecom conta introduzir a ligação de fibra óptica até à casa do cliente ("fiber to the home"), um "projecto piloto" que, inicialmente, abarcará as ilhas de Santiago, São Vicente e Sal.


Humberto Bettencourt dos Santos, conhecido localmente por "Humbertona", salientou que, a partir de 2011, Cabo Verde terá mais de 1.500 quilómetros de fibra óptica, assente em moderna tecnologia IP e com ligações inter-ilhas.


"Vamos ficar equipados com uma rede de primeira classe mundial com a panóplia dos serviços modernos hoje existentes no mundo", vincou, apresentando dados em que Cabo Verde figura como um dos três países de desenvolvimento médio mais avançados do mundo quer em tecnologia quer em termos de preços.


Segundo "Humbertona", desde 2006 que a CV Telecom tem vindo a reduzir "significativamente" os preços do serviço ADSL (entre 38% e 51%), estando com uma taxa de penetração do serviço móvel de 77%, a do serviço telefónico fixo com 14,1% e a da Internet fixa de 2,3%.


Para rematar, Humberto Bettencourt dos Santos lembrou que, desde 1996, o investimento da CV Telecom atingiu os 18 milhões de contos (163,2 milhões de euros), o que representa cerca de 12,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a uma média anual de cerca de 1%.


Com 474 funcionários, 18% deles com formação superior, "Humbertona" acrescentou que, em 2009, o volume total de negócios do grupo CV Telecom atingiu os oito milhões de contos (cerca de 72,5 milhões de euros) e que os investimentos em curso são um misto de recursos próprios e de empréstimos da banca.


O Grupo CVT, é constituído pela CV Telecom (única empresa de telefonia fixa), a CV Móvel (maior empresa de telefonia móvel do país com uma quota de mercado de 78%) e pela CV Multimédia (Internet e TV por assinatura).


A CVT tem como maior accionista a Portugal Telecom, com 40%, seguida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), com 37%, e da Sonangol Cabo Verde, com 5%.


Fonte: OJE/Lusa

Cabo Verde é 117.º em competitividade num universo de 139 países

Cabo Verde ocupa a 117.ª posição no Ranking Global de Competitividade 2010-2011, num universo de 139 países.


A avaliação é do Fórum Económico Mundial. Cabo Verde, que integrou a lista dos avaliados pela primeira vez, foi avaliado de forma positiva nos requisitos básicos de competitividade, mas foi penalizado devido à fraca performance dos factores geradores de eficiência, onde ocupa o lugar n.º 129.


De acordo com Frantz Tavares, director executivo da Inove Research, uma das empresas que promoveu a entrada do país para o ranking dos avaliados, pesaram na avaliação da variável a ineficiência dos mercados laboral e de bens, bem como o incipiente Ensino Superior e a reduzida dimensão do mercado nacional.


Entretanto o arquipélago foi avaliado de forma positiva nos requisitos básicos de competitividade, considerado o factor mais relevante na avaliação de países em desenvolvimento. "Com uma pontuaçãode 4,13 pontos, Cabo Verde ocupa o lugar 96, resultado da avaliação muito positiva das instituições públicas - 56.º na saúde e 89.º na educação primária - e uma avaliação pouco favorável das infra-estruturas", aponta.


No indicador inovação o país classifica-se no 117.º lugar, e no indicador de sofisticação de negócio está na 128.ª posição.


Segundo o director executivo da Inove Research, de entre os 31 países da África Subsariana avaliados pelo Fórum Económico Mundial, Cabo Verde encontra-se no meio da tabela, ou seja, no 15.º lugar.


O ranking geral é liderado pela Suíça, seguido da Suécia e Singapura. Os EUA caíram dois lugares, passando a ocupar a 4.ª posição.


O Relatório Global de Competitividade elaborado pelo Fórum Económico Mundial é, segundo Frantz Tavares, reconhecido mundialmente como sendo a referência de medidas de comparação e de factores que afectam a competitividade e o crescimento dos países.


Com a primeira divulgação em 1979, o relatório oferece a mais profunda avaliação da competitividade de mais de 130 países desenvolvidos e emergentes, tendo como principais objectivos fornecer um instrumento único de benchmarking para as Empresas no desenvolvimento de estratégias e na tomada de decisões de investimento e aos Governos na identificação de obstáculos ao crescimento económico e de medidas de política económica.


Fonte: OJE/Inforpress

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Novas empresas na área ….

. EFACEC – ENGENHARIA, SA-SUCURSAL DE CABO VERDE. (Santiago). Concepção, projecto e montagens de sistemas eléctricos e electromecânicos, fornecimento de obras públicas, engenharia e construção civil. Capital Social: 7.500 Euros.

. MULTIVIAGENS TOUR, LDA. (Santiago). Actividades das agências de viagens, actividades dos operadores turísticos, outras actividades de reservas e aluguer de veículos automóveis. Capital Social: 600 Contos.

BO No 34, 27 de Agosto de 2010

. TRANSINERTES, LDA. (Santiago). Transportes, escavações e comercialização de inertes para construção civil. Capital Social: 200 Contos.

. DOMINGOS LOPES-CONSTRUÇÃO CIVIL E OBRAS, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA. (Santiago). Construção civil e obras, importação, aluguer e venda de materiais, máquinas, equipamentos de construção civil. Capital Social: 5.000 Contos.

. MELHOR PREÇO, LDA. (Santiago). Comércio geral, importação e exportação de produtos alimentícios, artigos diversos, construção civil, venda a grosso e a retalho. Capital Social: 2.500 Contos.

. LLANA BEACH RESORT S.A. (Sal). Gestão, exploração, investimento e promoção de empreendimentos turísticos e outros meios de alojamento e compra e venda de terrenos. Capital Social; 2.500 Contos.

BO No 35, 3 de Setembro de 2010

. HMV-GESTÃO EMPRESAS E IMOVEIS, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA. (Santiago). Prestação de serviços nas áreas de gestão de imóveis e de empresa, prestação de serviços em organização de eventos, relações públicas e actividades recreativas. Capital social: 200 Contos.

. POLINERTES – SOCIEDADE PRODUTORA DE INERTES, LDA. (Santiago). Extracção, transformação e comércio de todo o tipo de rochas para a produção de inertes nomeadamente britas e areias, enrolamento e blocos de formasageométricas regulares (cubos e outros). Capital social: 30.000 Contos.

. LOBOSOLAR CABO VERDE, SA. (Santiago) Desenvolvimento de projectos, implementação e comercialização de equipamentos e soluções de energias renováveis. Capital Social: 5.000 Contos.


BO No 36, 9 de Setembro de 2010


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Caiu muito mal...


... a forma como um funcionário da CABO VERDE MOTORS - Secção de Peças - geriu uma reclamação de um Cliente, ontem Segunda-feira por volta do meio dia. Pouco diplomática, com um quê de arrogância e falta de humildade, em tons menos respeitosos e à frente de outros Clientes. Ninguém me contou: eu estava lá.

Não pretendo tomar partido nem julgar quem tinha ou não tinha razão. Para isso teria que estar por dentro dos factos que deram origem à reclamação, o que não é o caso. Nem tampouco defendo cegamente a ideia de que o Cliente tem sempre razão. Nem sempre. E nesses casos temos que saber dizê-lo. Questiono sobretudo a FORMA como se geriu o processo. Numa altura em que a concorrência se acirra no mercado de venda de automóveis em Cabo Verde e que a Toyota (a principal marca comercializada pela CABO VERDE MOTORS) enfrenta a nível mundial a maior crise de relações públicas da sua história, a (má) gestão do relacionamento com clientes/consumidores não ajuda em nada na protecção da marca e na defesa da posição de liderança que detêm no mercado nacional.

(Faço um aparte para reconhecer e elogiar, no entanto, o tratamento cordial e profissional que recebi na Secção Técnica / Manutenção da mesma empresa, no mesmo dia - parabéns Sr. Alfama & equipa!)

Caramba!, é caso para se dizer educação precisa-se. Respeito precisa-se. Cidadania empresarial precisa-se. Formação precisa-se. Meios mais eficazes de protecção dos consumidores precisam-se. Legislação laboral mais flexível precisa-se (sejamos directos: os empregadores também precisam de instrumentos que lhes permitam dispensar de forma mais célere e menos custosa os colaboradores cujas atitudes e comportamentos não se coadunam com os princípios, valores e objectivos da empresa ou instituição!).

Aqui é de justiça realçar o extraordinário esforço que vem sendo desenvolvido pela ADECO, na defesa dos interesses dos consumidores. Além de um trabalho consistente de educação/formação pública sobre os direitos dos consumidores, a ADECO já contabiliza importantes vitórias, destacando-se a introdução recente do Livro de Reclamações. No entanto, ainda não é visível para o grande público a eficácia imediata desta medida. A ADECO precisa de instrumentos mais eficazes para poder continuar a sua missão, precisa de ferramentas legais que lhe confiram poder coercitivo, um pouco como já acontece em outros países, como o Brasil. Já!, se queremos ser efectivamente um País de Desenvolvimento Médio, com patamares europeus de qualidade como ambiciona o Governo.

Este incidente leva-me a reflectir sobre a forma como as empresas em Cabo Verde encaram o atendimento ao cliente: se como uma mera "obrigação" imposta pelos ditames do negócio, ou se como um activo estratégico necessário para o estabelecimento de relações de longo prazo entre o produto/serviço e o consumidor e crucial para a sobrevivência da própria empresa num contexto de concorrência. Bom tema para investigação (alô pessoal das Licenciaturas e dos Mestrados em Gestão!) e discussão...

E você, caro(a) leitor(a), o que pensa sobre este assunto? Comente, opine, critique, dê sugestões: nós os consumidores também temos esta responsabilidade!

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domingo, 5 de setembro de 2010

Novo produto financeiro no mercado


O Banco Comercial do Atlântico acaba de lançar no mercado o BCA Factoring, um mecanismo financeiro que permite às empresas um melhor financiamento do seu ciclo de exploração através do adiantamento (pelo banco) de valores a receber de clientes (ver mais informações sobre o factoring aqui). Em Cabo Verde, o factoring é regulado pelo Decreto Lei nº 13/2005, de 7 de Fevereiro (B.O. nº 06, I Série).

Não obstante o crescimento do crédito concedido às empresas nos últimos 5 anos em Cabo Verde (de 30,3 milhões de contos em Dez/04 para 72,1 milhões de contos em Dez/09, conforme dados do BCV - valores nominais), o acesso ao crédito continua a ser destacado como um dos principais problemas enfrentados pelo sector privado, como o demonstra o Enterprise Survey 2009 do Banco Mundial. Entre as razões, apontam-se o elevado nível de garantias exigidas pelos bancos (em média 176,4% do total do empréstimo, contra 143% no resto do mundo e 142% na África Sub-Sahariana, conforme dados do Banco Mundial).

A aparente contradição entre esses dois dados (expansão do crédito ao sector privado versus percepção de dificuldade de acesso ao crédito) poderá ser justificado por alguma concentração do crédito bancário no segmento de empresas de grande dimensão, em termos de valor absoluto. Aliás, o próprio Enterprise Suvey indica que, entre as empresas de maior dimensão (> 100 empregados), o acesso ao crédito não aparece entre os 3 principais constrangimentos, sendo sobretudo as Pequenas e Médias Empresas (PME´s) as mais prejudicadas neste quesito - principalmente por não disporem de capacidade para apresentarem as garantias exigidas pelos bancos.

Há muito que as PME´s e os pequenos empreendedores vêm reclamando por soluções financeiras mais ajustadas à sua estrutura e às suas necessidades. O lançamento do factoring é, assim, uma boa notícia para as empresas caboverdeanas, sobretudo aquelas que têm que lidar, de um lado, com atrasos no recebimento de clientes, e do outro lado, com dificuldades em aceder a produtos bancários tradicionais para financiar o seu dia-a-dia enquanto o dinheirinho não entra no caixa.

Resta saber, no entanto, a burocracia e as exigências para se aceder ao factoring, bem como o preço que os bancos irão cobrar pelo serviço...